segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

"Rasgando" a Floresta...

 
 

O CASTIGO

Na centésima vez o cansaço foi maior que o peso do próprio castigo. A mão não respondia a vontade do corpo. Assim, despencaram a caneta junto com o caderno da correção moral e educativa daquele lugar: a temível masmorra disfarçada.
O pequeno condenado daquele dia tinha um passado que nem ele próprio possuía consciência disso. Era um carregador de livros. Saía todas as manhãs em busca de não se sabe o quê, uma vez que desconhecia a própria razão de ser.
O dia não foi diferente dos outros. Já era freqüentador assíduo da poltrona da tortura. Diferente apenas foi o motivo do castigo: desrespeitou o seu colega de aula. A punição: jurar no caderno das lamentações que não mais iria repetir tal atitude. Por isso, deveria jurar por escrito não mais repetir tal situação.
Não sei ao certo se o castigo corrigiu aquele menino. O que sei é que a distinta biblioteca ainda continua sendo usada como uma terrível masmorra onde o prazer da leitura é tido como o pior dos castigos daquela escola.

É tempo de Natal...


Assisti ontem, num especial global, que o Papai Noel não se esquece nem mesmo dos meninos de rua. Esses que não tem uma ilustre chaminé no barraco de papelão onde moram.
Assisti, também, nessa mesma fábrica de ilusões que na véspera dos festejos do Nascimento de Cristo as pessoas agonizam-se na busca desenfreada pelo melhor presente (material). Isso tudo na época do natal. Natal?
Amanhã vou presentear meu sobrinho com um carrinho (material) e vou continuar alimentando nele a imagem de um falso velhinho que distribui inúmeros presentes. Mas ainda sim, vou dizer a ele que tal presente nada mais é que o fruto da dádiva que Deus deu ao tio dele para que pudesse trabalhar e assim comprar o carrinho.
Quero refletir com você o significado do Natal: Tempo de Conversão; de amar cada vez mais o próximo; de celebrar a união da família; agradecer pelas graças alcançadas durante o ano. (acabei de assisti que Roberto e família têm um sonho de possuir uma TV. Pedido atendido pelo Papai Noel Lineu).
Não quis aqui dizer o que todo mundo já me disse e ainda vão dizer. O mais importante é: se puder comprar um presente compre. Mas nunca se esqueça que ele não é o mais importante; Se puder ter aquela ceia farta com aquele enorme peru ao centro. Tenha! Mas qualquer comida vale apena e deve ser agradecida da mesma maneira. Por último, o que se deve comemorar é a alegria do Nascimento de Cristo. Só assim é Tempo de Natal...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

... Em busca de novas Trilhas

Estou me aventurando em um esporte que gosto muito: ciclismo (ou melhor "Trilha"). Para tanto, estou a cada dia dando um "charme" diferente na minha magricela.
Quando estou cortando as estradas dessa nossa rica amazônia penso nos inúmeros textos que ainda estão por ser escritos. É como se as paisagens, os igarapés, o vento batendo no meu rosto revelassem-me um conhecimento poético que a burocracia da academia  não é capaz de fazer.

sábado, 31 de julho de 2010

O RELÓGIO



O relógio dita o compasso da vida num vai e vêm silencioso: Aliás, o silencio só é quebrado nas noites solitárias em que me arrepia um tic... tac... assombroso: anúncio da proximidade do fim do sopro divino que entra e sai de minhas narinas.
Sou escravo dessa representação do “kronos”. Sou a própria areia da ampulheta vendo passar a vida num piscar de segundos. Sou o coelho sempre atrasado no mundo encantado da menina Alice.
Ele me olha e lê a angústia presente em meus olhos. O medo de que seus ponteiros sejam mais ágeis, espertos e malandros que a minha inteligência, antecede a brancura natural de meus cabelos.
No intervalo do tic... para o tac... a existência de um abismo abstrato: um tic... de vida; um tac... de morte. Morte e vida num só segundo.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

MEU PRIMEIRO AMIGO



Meu grande amigo...
O ano é o de 1998. O cenário a cidade de Santarém. O motivo: um trabalho para a escola. Talvez, se não fosse isso, eu jamais o teria conhecido.
Ele era mais novo que eu. Devia ter uns dez a nove anos de idade. O que não o tornava inexperiente. E por falar em experiência, nesse ponto, ele estava muito acima de mim. Enquanto eu conhecia apenas a minha cidade, ele conhecia o mundo. Já havia singrado até os sete mares. E eu agradeço toda essa sua experiência, visto que ela me foi passada por ele.
Conhecemos-nos numa linda manhã de outono. Meu pai foi quem nos intercedeu ao primeiro diálogo. Antes dele eu apenas me lembrava de um velho amigo o qual era careca e morava numa cidade onde todos os meninos também eram carecas. Essa cidade chamava-se a “A Serra dos Meninos Carecas”.
O meu novo amigo tinha um nome forte posto por seu pai. “Cérbero o Navio do Inferno” este era o nome do meu novo amigo e primeiro de verdade.
Dalí para frente não tive muitos outros. Contentei-me apenas com quatro ou cinco. Passei a ter o mesmo pensamento de Nelson Rodrigues.
Hoje sou um jovem que rejeita qualquer amizade. Fico apenas com aquelas que realmente me dão um sentido na vida. As que são mais baratas, essas me conquistam o coração. As que são mais caras me afugentam do diálogo. Eu prefiro o livro mais barato e mais cheio de conteúdo para a minha vida.

Rômulo José, quando do meu primeiro livro.

Adoração ao Capitalismo




Creio no Capitalismo todo poderoso
Criador das riquezas humanas
E no Dólar seu único filho Nosso Senhor
Que foi concebido pelo poder do Espírito Econômico
Nasceu de uma Virgem americana
Padeceu o pobre socialismo humanitário.
Foi exaltado, venerado e glorificado.
Adentrou a mansão dos famosos
(res) Suscita sempre todos os dias.
Subiu nas bolsas de valores
Está sentado a direita de seu criador
De onde há de vir selecionar os mais fortes.
Creio nesse espírito único e santo
No banquete excludente da burguesia
E na sua hegemonia eterna.

AMÉM.

sábado, 12 de junho de 2010

REFLEXOES SOBRE O AMOR


Mas o que será o amor?
 Ora... O amor é um fogo que arde sem se ver/ é ferida que dói e não se sente/ é um contentamento descontente/ é dor que desatina sem doer... É um não querer mais que bem querer/ é nunca contentar-se de contente. Mas antes de tudo, o amor é Divino. Pois poderia o homem ter fé tamanha, ao ponto de transpor montanhas, mas se não tivesse amor... nada seria. O amor é emanado de Deus. No entanto, nem todos os homens deixam-se seduzir por essa dádiva afetiva. Amar aprende-se! Eu amo, tu amas, nós amamos... E o melhor exemplo é o do próprio Cristo: “amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado”.  
E nos diversos sinônimos que se tem sobre o verbo amar, podemos aqui citar: o amor que se tem pelo animal de estimação: gato ou cachorro. O amor que se tem pelas coisas materiais; o amor que se tem pelo time de futebol, pelo cantor preferido, pela atriz da novela das nove etc. E de todos os amores possíveis que se possa ter ou sentir está o amor que une homem e mulher numa só estrada. Uma verdadeira prova de amor maior, pois há uma doação pela vida do outro: ambos compartilham a alegria e derramam-se em prantos na tristeza. Já não existe o Eu e nem o Tu. Vida e morte numa só alma!
E tudo é belo e tudo é mágico. Até as estrelas os enamorados são capazes de ouvir. “Pois só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e entender estrelas”. Assim chegamos a uma das fases mais bela de um casal: o namoro; enamorar-se. Coisa que nunca pode acabar: a vida é um eterno namoro. Aliás, “o amor é a poesia dos sentidos. Quando existe, existe para todo o sempre e aumenta cada vez mais”. E amar é sempre ter a certeza de está na presença de Deus. Este é amor e quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele.
Deve-se amar desde o momento em que se aprende até o último dia de vida. E aqui um alerta: os velhos também amam. Parece que para esses o único amor lhes permitido é o carinho que dão aos netos. Quando o vovô ainda mantém acessa a chama da paixão a primeira coisa que se diz é que o pobre está caduco. Para se amar não tem idade. Não tem modo. Aliás, “o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar”. E agora...? E afinal... O que vem ser o amor?  Só mesmo declamando aqueles versos de Vinícius de Morais:
Soneto de Amor Total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
          Hei de morrer de amar mais do que pude.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Resumo do Livro: A Poesia Lírica, Salete de Almeida Cara

No momento em que o homem grego, vendo sua vida cada vez mais submetida às leis da “polis”, resolve criar um modo de expressar-se de forma individual, nasce à poesia lírica. Era uma poesia para ser cantada com acompanhamento musical, geralmente a lira. As mais importantes foram: a poesia mélica (de “melodia”), a poesia de coro e as elegias que glorificavam deuses e vencedores de jogos, assemelhando-se assim a poesia épica.
É na própria Grécia, com Platão e Aristóteles, que surgem os primeiros estudos sobre a poesia lírica ou mais precisamente sobre a poesia em geral. Para Platão, a poesia soma-se aos elementos do mundo vicário da imitação, pois nada mais é que uma imitação da imitação. No livro a República, Platão é o primeiro a tratar sobre uma teoria dos gêneros literários em que atribui à poesia função menor. Segundo a conceituação de poesia apresentada pela teoria dos gêneros, a poesia lírica seria o poema de primeira pessoa ou primeira voz. Já para Aristóteles, não somente a poesia como toda a arte e literatura definem-se como “artes miméticas” da realidade. Na sua Poética, que trata justamente dos meios e modos pelos quais essas artes são imitadas, além do modo de composição de cada uma, no entanto, Aristóteles não faz referências à poesia lírica. As ideias de Platão e Aristóteles assemelham-se no fato da dicotomia apresentada entre o discurso lógico da razão e o discurso alógico da poesia.
Mas a figura mais expressiva da poesia lírica grega foi à poetisa Safo. Sua poesia representava bem os elementos intrínsecos apresentados em primeira pessoa ou primeira voz. Era uma poesia de mulher para mulher. Deixando de lado os feitos heroicos para cantar os desfrutes amorosos de forma intensa.
Florescida na Grécia, a poesia lírica se expandiu ao mundo romano exercendo influencia sobre este. Só que em Roma, houve uma separação muito maior da que aconteceu na Grécia entre a poesia lírica e às instituições políticas e sociais e o emprego das palavras na construção de um mundo imaginário.
A construção desse gênero de poesia obedecia a leis próprias, intrínsecas a própria composição. Tais como ritmo dos versos, intensidade das silabas, versificação silábica. Tais aspectos quase que engessaram a forma livre e natural de acentos e pausas. Será a poesia provençal a dizer que a linguagem poética não pode amarrar-se a normas e preceitos formais ou gramaticais. No entanto, essa linguagem dos poetas provençais foi regulada pelos preceitos morais cristãs da época. Daí dizer que essa poesia lírica caracterizou-se como uma idealização amorosa. Idealização amorosa que se vê nas cantigas de amor de Portugal. Outra cantiga, descendente, foi a de amigo, em que o poeta assumia a personalidade feminina para cantar as saudades desta pelo amado.
Em cada momento histórico, a poesia lírica passou por novas conceituações. Eliot exemplifica o significado estabelecido pelo Oxford Dictionary, onde se lê, em lírico: “atualmente o poema que se dá a poemas curtos, geralmente divididos em estrofes, exprimindo diretamente os sentimentos e pensamentos do próprio poeta”. Edgar Allan Poe falou em brevidade; Coleridge em relações harmoniosas, métrica coerente; Wordsworth em espontaneidade; Hegel em subjetividade, emoção pessoal.
No Renascimento se dará uma nova roupagem ao conceito da expressão lírica até então estudada. Com o advento da imprensa aquela poesia oriunda da “polis”, composta para ser cantada ou acompanhada por música, passa agora para o papel para ser lida, sem acompanhamento musical. A Poética de Aristóteles ganha uma nova leitura tornando-se base para a construção de uma teoria poética, a teoria neoclássica. Desta vez a mimésis aristotélica é vista como a imitação das ações humanas. Os fenômenos artísticos passam a ter uma compreensão mais rígida, pois se acreditou que Aristóteles tivesse uma visão estética clássica bastante normativa e preceptiva. É justamente essa leitura da Poética aristotélica a responsável por nortear as leis e regras do sistema critico neoclássico. O que pendurou até a fase romântica.
Na lírica romântica o artista no seio de uma sociedade em que a tecnologia, a indústria e a ciência estão emergindo, vê-se inutilizado. O cenário agora é favorável ao utilitarismo que fascina o homem. Nisso o poeta, que até pouco tempo tinha certa áurea divina, busca manter vivo esse mito literário de sua própria figura. Para tanto, foge para dentro de si mesmo percorrendo o caminho da evasão romântica como forma de proteção. Mergulhado em um subjetivismo emocional, o poeta correu o risco de apenas transferir para o papel essa emotividade unicamente pessoal definida apenas pelo uso da função emotiva da linguagem de forma “seca”. Mas o poeta romântico não se deixou cair nessa crise de valores. Usufruiu das novidades da modernidade inserindo o contexto social nas composições como forma de resgate da linguagem criativa.
Mas o que marca mesmo para a poesia lírica nesse momento, é a “concepção da poesia como linguagem de sons, tons e metro: que embora moderna, acaba sendo uma recuperação da unidade original de poesia e música”. Muitos teóricos contribuíram para essa idéia. Segundo Novalis a poesia lírica seria uma expressão do poético; Goethe discutiu o enquadramento da poesia na teoria dos gêneros e não aprovava que fossem misturados. Ao contrário de Brunetière em que sua visão literária lembra muito a questão clássica dos gêneros. Já Benedeto Croce, colocava em primeiro plano a individualidade artística de cada obra em oposição aos modelos classificáveis de maneira geral.
Sofrendo o julgamento critico das diversas épocas, a poesia lírica chega enfim ao mundo moderno. E a sua chegada lembra em muito a sua origem la do mundo grego. A cidade moderna é o palco da vez. Agora o homem se relaciona com o mundo objetivo pela relatividade do mergulho na subjetividade. Essa relação é bem diferente do poeta romântico que acredita na poesia como expressão do “eu”. O poeta moderno sabe que qualquer recorte da realidade nada mais é que apenas linguagem. Isso quer dizer que, faz-se apenas uma “tradução parcial” da realidade.
O poeta moderno tendo os olhos agora voltados para a grande cidade assume novo papel: o de recortar cenas de seu cotidiano; daquilo que se apresenta diante de seus olhos. Usa de uma linguagem fragmentada para dialogar com a tradição. Ele caminha em direção as possibilidades internas da linguagem, abanando regras e modelos.
Uma nova discussão que se assenta, além do novo papel do poeta, é a conceituação que se dá ao sujeito lírico. Este não mais se define apenas como o autor que compõe a obra. O sujeito lírico se manifesta na própria obra por meio da melodia, do canto, da sintaxe, do ritmo. “Esse é o elemento que une todas as escolhas da linguagem de que é feito um texto.”
Tendo a poesia lírica nascida na “polis” e percorrido toda essa odisséia de conceituações, caberia na modernidade a pergunta: afinal, o que é poesia lírica? Responder pela ótica da teoria dos gêneros implicaria numa resposta tendo em vista a estrutura formal em si. Mas Emil Staiger propõe que deva existir uma relação na composição de qualquer texto: sua construção e seu sentido. Assim a poesia lírica pode ser vista de duas maneiras: a) usado como substantivo: estaria enquadrada na teoria clássica dos gêneros sendo uma poesia de não muito longa, sem personagens claramente delineados, onde ritmo e melodia servem para expressar a alma de um “eu”. b) como adjetivos, “significa uma qualidade que decorre de traços estilísticos que podem ou não estar presente em um texto”. Isso para dizer que a relação gira entre o “texto como construção de linguagem mais a situação de leitura que suscita.”
E os gêneros literários como ficam?
Desde cedo se percebeu que os modelos classificatórios das produções literárias não levavam em conta a originalidade de cada produção. A produção literária moderna com suas muitas pesquisas está a todo tempo desfazendo esses conceitos clássicos homogêneos de esquemas de classificação geral. Neste sentido, o conceito de “gêneros literários” ganhou uma flexibilidade antes não permitida. O estudioso literário moderno passou a analisar cada texto como uma unidade particular de linguagem. Assim pôde-se até dizer que, tanto a lírica como os demais gêneros, já não podiam mais ser compreendidos sob uma ótica normativa inflexível, pois o papel do leitor como aquele que dá sentido ao texto passou a ser considerado.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

DE TANTO TE AMAR PARTE II


Um sonho ansioso o homem vivia todas as noites. Sonho encantado: vinha a mais bela de todas caminhando em meio a flores rumo aos braços... Meus braços... de prontidão para acolher teu corpo singular. Mas pela manhã o sonho deixava de ser devaneio. A realidade, dura realidade, acontecia mais uma vez. Exatos três anos. Três anos apenas de um desejo fortuito e de prazeres roubados a luz do dia.


Mas coube aos amantes a inteligência necessária e a paciência divina para esperar o amor acontecer, ou melhor, concretizar-se. Aí vieram as primeiras poesias: versos desconexos que pela magia do amor tornavam-se os mais belos do mundo. Vieram também as primeiras narrativas amorosas: ele e ela personagens principais, secundários, protagonistas e vilões de si mesmo; eu e você meu amor, fazendo literatura do nosso amor incontestável.


Juntos, vieram também às primeiras brigas sem sentido, os desentendimentos que nem se sabe por quê... Há! bem dizia você que na união de dois, esses dois, até certo ponto, deixam de existir para existir um só. Nada fácil... cada um tem seus gostos e manias... No entanto, quando é amor, tudo é superado.


E com esse amor, Eu que jugo saber dar luz a pequenos versos, passei a ter inspiração mais frequente: se o espírito literário me foge, penso apenas no teu rosto e as composições se desabrocham num movimento magistral. Eu realmente te amo. E sabe como:

Amo-te assim, num amor sem igual. Dosado na única medida possível de te amar, Angélica: Te Amar sem medidas.


terça-feira, 20 de abril de 2010

AULA DE PORTUGUÊS: "O Estudo do Adjetivo".

Como combinado, a aula naquele dia seria sobre o estudo do adjetivo. A professora, dona Marisó, sexagenária, gorda de respiração ofegante, cabelos mal cuidados, dentes amarelados, usando óculos quase maiores que a sua face e roupas engraçadas pôs-se lentamente a entrar na sala. Entrando, sentou-se na mesma proporção. Em seguida conferiu os presentes e chamou-os a atenção em relação ao barulho. Pegou o giz com certa dificuldade. Ergueu-o até certa altura do quadro chegando a ficar a um passo de precisar firmar-se na ponta dos pés. O quadro era antigo. Possuía muitas deformidades devido às inúmeras goteiras do telhado. Terminado o exercício de apoiar o giz no quadro, a professora rabiscou:
                             Assunto de hoje: o que é o adijetivo?
Em seguida iniciou a explicação:
_Prestem atenção e olhem aqui pro quadro. Damos o nome de adijetivo para o nome que dá uma qualidade para o substantivo. Vejam a frase: Pedro é preguiçozo. Qual é a qualidade de Pedro:
_Preguiçoso. Responde a turma.
Porém, Joãozinho encafifado com a explicação lacônica da professora, quis melhor entender o adjetivo:
_Professora, então preguiçoso é uma qualidade?
_Não faça perguntas compricadas meninu. Quem é o professor aqui eu ou você?
O menino quis mais uma vez intervir a professora. O sinal da campainha, no entanto, tocou nesse exato momento. Todos os alunos correram em disparada para a porta de saída.
Joãozinho foi direto para casa. Entrou no quarto e jogou num canto qualquer sua sacola com os cadernos. Foi caminhando para a cozinha merendar as sobras do almoço. Na cozinha estavam seu pai Vardemar e seu padrinho Maraca. Este perguntou ao afilhado o que queria ser quando crescer. O pequeno respondeu com o conhecimento obtido em sala de aula naquela manhã:
_Eu quero ser um grande homem cheio de qualidades.Eu quero ser muito preguiçoso!
_Mas que heresia é essa, muleque! Priguiça não é qualidade de homi da colônia e nem de homi nenhum. Esbravejou o pai. “Quem ta te ensinando essas burrici...”
_Foi na escola pai.
_É cumpade Maraca o insino de antigamente que era bom. Que menino aprendia era na parmatória contente da vida...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

AOS NOSSOS HERÓIS...


Confesso que quando li pela primeira vez a epopéia grega do destemido personagem Ulisses, pensei ter concebido a noção de Herói: aquele guerreiro que ignora o perigo, o homem que se doa a uma causa nobre e por isso é notável por seus feitos e sua valentia. Pensei serem essas as características do homem heróico. E na verdade o são. Ou melhor, eram.

Como mudam-se os tempos e com eles, também, os paradigmas e as vontades, mudaram-se assim os “tipos” divinizados, hoje, tidos como heróis. Se no tempo do nosso Odisseu (homem que durante dez anos ficou a mercê da vontade dos deuses enquanto tentava retornar para Ítaca) o que se levava em conta, para atribuir a um homem um fato heróico, era a valentia deste perante uma situação de perigo. Hoje, Ulisses deixaram de existir e deram vida a grandes atores que encarnam a valentia das epopéias gregas, as sacrificantes participações nos BBB´s da vida, os grandes mitos do futebol...

O Olimpo era o grande cenário teatral de onde os deuses faziam de fantoches os homens que habitavam a terra mortal. E o heroísmo quase sempre nascia de uma ação humana que desobedecia a uma vontade divina. O nosso Olimpo de hoje é a nossa querida televisão: cria valorosos heróis e nós os saudamos como exemplo a seguir. Qual o jogador amador sensato que não queria ter a majestosa habilidade do Rei do Futebol? Ou a dona de casa que não gostaria de ser uma Helena de Manoel Carlos? Ou a jovenzinha que não gostaria de estar ao lado do grande cantor do momento? A nossa televisão é o nosso grande espelho e mágico: espelho, espelho meu, existe um herói mais valoroso do que o meu? (do que o meu pai... minha mãe...). E ela responde: os Globais... E é até verdade, pois eles cantam, dançam, sapateiam, imitam bichos e até visitam favelas ou a Amazônia.

E na contramão disso tudo os verdadeiros: o pobre que encontra uma maleta cheia de dólares no banheiro da estação do trem e, ainda sim, continua pobre; a mãe faxineira que consegue, faxinando pela vida, por três filhos numa Universidade Federal; e os Bombeiros, homens que pela vida, sacrificam suas próprias vidas. Mas quem irá se espelhar nestes?

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O QUE É LITERATURA? Terry Eagleton

Os esforços para se definir literatura têm sido vários. Entre os conceitos, relaciona-se a literatura a idéia de escrita “imaginativa” ou de ficção. Tal idéia não ganha forças, pois o caráter verídico ou não de uma obra depende da concepção que as pessoas lhe atribuíram em determinada época.
Obras geradas em ventres puramente imaginativos, com o passar do tempo, passaram a ser vistas e lidas como descrição histórica. Se isso não é válido como definição, poderia a literatura conceituar-se pelo uso da linguagem de forma peculiar. A literatura exerceria o poder de transformar a linguagem comum, distanciando-se do uso quotidiano da fala. É exatamente nesse aspecto que se apóiam os formalistas russos ao afirmarem que a obra literária não se define pelas expressões e sentimentos do autor, e sim por palavras.
O estudo dos formalistas russos não está voltado somente para a definição de literatura em sim, mas para o que possa ser definido como literaturidade. Para eles, a literariedade ou o literário é que faz com que uma obra seja considerada literatura. E o ser literário define-se pelo uso do “tornar estranho”. No entanto, todos os tipos de escritas, trabalhados com a devida maestria, também podem ser considerados estranhos. Então, o conceito de literatura passou a não mais considerar somente a forma em si, mas a maneira pela qual alguém resolve ler determinada construção escrita, extraindo dessa o sentido de poesia.
Por último, existe ainda o fato de que, a conceituação de literatura parte de juízos de valor. Muitas obras que, outrora, não sentavam à mesa dos cânones literários mundiais, passaram a ter sua cadeira. E já obras que, num passado longínquo, eram aclamadas, consideradas cheias de literariedade, hoje agradam somente pelo seu aspecto antropológico, social ou religioso. Na verdade, os julgamentos de valor, em muito interferem na tomada de decisão do que é ou do que possa vir a ser literatura.
Para saber mais leia: EAGLETON, Terry. Teoria da literatura: uma introdução. Martins Fontes, 1983.

MEU PÉ ESQUERDO

Ontem a aula valeu à pena! Assistimos, refletimos... a um belíssimo filme. E a leitura deste, fez-me re-tornar a uma antiga leitura do meu tempo de “quase frustrado Ir. Religioso”: Franz Kafka e a sua “Metamorfose”. Eis aí o autor. Eis aí a obra. E tanto Meu Pé Esquerdo como o Gregori (personagem central de Metamorfose) tem algo em comum, embora ainda que pouca coisa.
O caixeiro viajante acorda metamorfoseado em um bicho. Já Crishty (ainda não cursei Inglês Instrumental) nasce com uma grave deformidade cerebral. O seu pé esquerdo é como se fosse seus dois braços e a outra perna. É com este pé que ele desenvolve a impressionante arte de escrever e pintar. Ao longo de sua vida ele rompe pré-conceitos: familiares, sociais e afetivos. E no fim torna-se uma pessoa notória: visto pelo que possuiu; e não pelo que foi. Mais uma vez o ter acima do ser.
Voltando um pouco para nossas crendices populares... Muitos acreditam que tudo aquilo que vem do “esquerdo” é obra de inspiração maligna. Falta-lhes assistir “Meu Pé Esquerdo”... E desde que a esse filme li, passei a dar mais valor a todas as partes mínimas do meu corpo. Afinal, isto é bíblico: o que faria o braço sem as pernas? E o mais interessante: na aula seguinte conheci uma definição perfeita para toda a vida desse bravo homem. Eis o termo: resiliência!!!
E a todos os resilientes de nosso país assistam “Meu Pé Esquerdo”...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Resumo do Livro O que é Literatura de Marisa Lajolo

O termo literatura apresenta uma pluralidade de conceitos podendo vir a ser desde uma epopéia grega a uma simples carta de amor. Os esforços para tornar esse conceito singular vêm desde o período da Acrópole grega onde Aristóteles e Platão esboçaram as primeiras definições. Nesse período, o termo literatura significava a arte de compor ou escrever bem; os homens de letras etc. No decorrer da história, somaram-se a raiz do termo novos significados. Sendo, talvez, o mais conhecido o conjunto de obras clássicas de uma época ou de um país. Mas quem classifica esse conjunto de obras? Os mesmos que dão ao texto o teor de literário ou não-literário. A crítica literária é uma das responsáveis em julgar uma obra como sendo boa ou má. Tal seleção, muita das vezes, faz-se a partir de parâmetros conceituais do próprio crítico que leva em conta fatores como: quem é o autor, qual o tema, a editora, o público alvo, o tipo de linguagem usada etc. Também a escola mostra-se como instância seletiva, pois legitima algumas obras em detrimento da condenação de muitas outras: aquelas consideradas de leitura inadequada a formação dos estudantes. É justamente esse autopoder, individual, de classificação o culpado por essa pluralidade conceitual. Tanto que o que antes não se considerava, não possuía prestigio hoje passou a tê-lo. A prosa era considerada de categoria inferior na antiga Grécia. Somente no século XVIII passou a sentar-se a direita das grandes obras com o nascimento do romance. Concebe-se, então, que o conceito de literatura depende em muito do ponto de vista de quem o define e do sentido da palavra para cada um.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

UNIDOS EM CRISTO...


UNIDOS EM CRISTO...
O grupo de Oração Unidos em Cristo reúne-se todas as quintas-feiras na Igreja do Bom Pastor, as 17h00minh, com o objetivo de orar por uma comunidade melhor, louvar e agradecer ao Senhor.
A Igreja do Bom Pastor localiza-se na Rua 13 de maio no bairro do Santarenzinho. Os interessados em participar desse momento de oração devem manter contato com a senhora Iris Cristina.
“Somente juntos podemos edificar uma comunidade sobre a rocha. Seja um em nossa comunidade”.

REFLEXÕES PÓS-NATALINAS...


No último domingo (10/01) fechou-se o ciclo natalino. Isso se levarmos em conta o sentido religioso da grande festa. Caso contrário, esse acabou no dia 25/12/2009 com a troca de presentes. Natal breve: apenas uma noite.
Na celebração do Batismo de Jesus percebemos que a imersão no Batismo nos obriga a vivenciarmos nossa Fé como verdadeiros cristãos. Mas será que no período natalino assumimos essa tarefa?
HISTÓRIA N° 1: O anúncio das promessas salvíficas de Nosso Senhor só pode ser realizada na medida em que vamos ao encontro do Pai. E a sua morada é o nosso coração. Mas lembrei-me de muitos corações que servem como esconderijo e não morada do salvador. É o seu caso?
HISTÓRIA N° 2: Esta poderia ser a única historia/estória. Lembrei-me da vendedora do mercadão 2000. Quando interrogada pela repórter disse que o natal desse ano tava meio devagar...!!!??? U é... Jesus nasceu para nos salvar. Os anjos bradaram glória. Talvez, faltou a senhora vendedora a fazer-se a pergunta que muitos ainda não se fizeram: O QUE É VEDADEIRAMENTE O NATAL???????????????????????????????