quarta-feira, 16 de junho de 2010

MEU PRIMEIRO AMIGO



Meu grande amigo...
O ano é o de 1998. O cenário a cidade de Santarém. O motivo: um trabalho para a escola. Talvez, se não fosse isso, eu jamais o teria conhecido.
Ele era mais novo que eu. Devia ter uns dez a nove anos de idade. O que não o tornava inexperiente. E por falar em experiência, nesse ponto, ele estava muito acima de mim. Enquanto eu conhecia apenas a minha cidade, ele conhecia o mundo. Já havia singrado até os sete mares. E eu agradeço toda essa sua experiência, visto que ela me foi passada por ele.
Conhecemos-nos numa linda manhã de outono. Meu pai foi quem nos intercedeu ao primeiro diálogo. Antes dele eu apenas me lembrava de um velho amigo o qual era careca e morava numa cidade onde todos os meninos também eram carecas. Essa cidade chamava-se a “A Serra dos Meninos Carecas”.
O meu novo amigo tinha um nome forte posto por seu pai. “Cérbero o Navio do Inferno” este era o nome do meu novo amigo e primeiro de verdade.
Dalí para frente não tive muitos outros. Contentei-me apenas com quatro ou cinco. Passei a ter o mesmo pensamento de Nelson Rodrigues.
Hoje sou um jovem que rejeita qualquer amizade. Fico apenas com aquelas que realmente me dão um sentido na vida. As que são mais baratas, essas me conquistam o coração. As que são mais caras me afugentam do diálogo. Eu prefiro o livro mais barato e mais cheio de conteúdo para a minha vida.

Rômulo José, quando do meu primeiro livro.

Adoração ao Capitalismo




Creio no Capitalismo todo poderoso
Criador das riquezas humanas
E no Dólar seu único filho Nosso Senhor
Que foi concebido pelo poder do Espírito Econômico
Nasceu de uma Virgem americana
Padeceu o pobre socialismo humanitário.
Foi exaltado, venerado e glorificado.
Adentrou a mansão dos famosos
(res) Suscita sempre todos os dias.
Subiu nas bolsas de valores
Está sentado a direita de seu criador
De onde há de vir selecionar os mais fortes.
Creio nesse espírito único e santo
No banquete excludente da burguesia
E na sua hegemonia eterna.

AMÉM.

sábado, 12 de junho de 2010

REFLEXOES SOBRE O AMOR


Mas o que será o amor?
 Ora... O amor é um fogo que arde sem se ver/ é ferida que dói e não se sente/ é um contentamento descontente/ é dor que desatina sem doer... É um não querer mais que bem querer/ é nunca contentar-se de contente. Mas antes de tudo, o amor é Divino. Pois poderia o homem ter fé tamanha, ao ponto de transpor montanhas, mas se não tivesse amor... nada seria. O amor é emanado de Deus. No entanto, nem todos os homens deixam-se seduzir por essa dádiva afetiva. Amar aprende-se! Eu amo, tu amas, nós amamos... E o melhor exemplo é o do próprio Cristo: “amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado”.  
E nos diversos sinônimos que se tem sobre o verbo amar, podemos aqui citar: o amor que se tem pelo animal de estimação: gato ou cachorro. O amor que se tem pelas coisas materiais; o amor que se tem pelo time de futebol, pelo cantor preferido, pela atriz da novela das nove etc. E de todos os amores possíveis que se possa ter ou sentir está o amor que une homem e mulher numa só estrada. Uma verdadeira prova de amor maior, pois há uma doação pela vida do outro: ambos compartilham a alegria e derramam-se em prantos na tristeza. Já não existe o Eu e nem o Tu. Vida e morte numa só alma!
E tudo é belo e tudo é mágico. Até as estrelas os enamorados são capazes de ouvir. “Pois só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e entender estrelas”. Assim chegamos a uma das fases mais bela de um casal: o namoro; enamorar-se. Coisa que nunca pode acabar: a vida é um eterno namoro. Aliás, “o amor é a poesia dos sentidos. Quando existe, existe para todo o sempre e aumenta cada vez mais”. E amar é sempre ter a certeza de está na presença de Deus. Este é amor e quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele.
Deve-se amar desde o momento em que se aprende até o último dia de vida. E aqui um alerta: os velhos também amam. Parece que para esses o único amor lhes permitido é o carinho que dão aos netos. Quando o vovô ainda mantém acessa a chama da paixão a primeira coisa que se diz é que o pobre está caduco. Para se amar não tem idade. Não tem modo. Aliás, “o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar”. E agora...? E afinal... O que vem ser o amor?  Só mesmo declamando aqueles versos de Vinícius de Morais:
Soneto de Amor Total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
          Hei de morrer de amar mais do que pude.