sábado, 31 de julho de 2010

O RELÓGIO



O relógio dita o compasso da vida num vai e vêm silencioso: Aliás, o silencio só é quebrado nas noites solitárias em que me arrepia um tic... tac... assombroso: anúncio da proximidade do fim do sopro divino que entra e sai de minhas narinas.
Sou escravo dessa representação do “kronos”. Sou a própria areia da ampulheta vendo passar a vida num piscar de segundos. Sou o coelho sempre atrasado no mundo encantado da menina Alice.
Ele me olha e lê a angústia presente em meus olhos. O medo de que seus ponteiros sejam mais ágeis, espertos e malandros que a minha inteligência, antecede a brancura natural de meus cabelos.
No intervalo do tic... para o tac... a existência de um abismo abstrato: um tic... de vida; um tac... de morte. Morte e vida num só segundo.