quinta-feira, 11 de abril de 2013

Análise do Conto O Caso da Vara, de Machado de Assis


Machado de Assis é considerado um grande criador de personagens femininas. Suas mulheres são frequentemente misteriosas, enigmáticas, dotadas de grande sendo de percepção, capazes de manipular psicologicamente o mais astuto dos homens. (BAGNO, 2004). Esta citação nos dá a dimensão da importância de Machado de Assis para a literatura brasileira e mundial.
Situado na escola literária a que se chamou de Realismo, Machado soube como ninguém, não só no romance como no conto, inserir em sua obra os costumes contemporâneos de sua época.
Machado também é conhecido por trabalhar com o íntimo das personagens, o que segundo o professor Massaud Moisés classificou de Realismo Interior. Uma prova disso é o enredo que encontramos no conto O Caso da Vara.
No conto é possível identificar diversas características machadianas, principalmente em relação à personagem feminina. Obedecendo a constituição do conto (MOISÉS, 2004) Machado apresenta-nos uma única célula dramática ao narrar à história de um seminarista, que sem a vocação ao sacerdócio, vê em Sinhá Rita a única chance de poder convencer o pai da ideia de não torná-lo padre.
A ambiguidade também é uma das características de Machado de Assis. E ela pode ser encontrada desde o título. Pois, espera-se que o leitor queira saber do enredo a partir do título. Mas “o caso da vara” fica em segundo plano até o desfecho da história.
Ambiguidade está que vamos encontrar em Sinhá Rita.
Sinhá Rita apesar de seus quarenta anos parecia ter vinte e sete. Parecia bondosa; amiga de rir. Mas ao mesmo tempo, brava como o diabo. Em si a autoridade, o comando. Tudo isso representado em sua fala de ação: “Pode... há de ser possível, afianço eu”. Essa ação de está acima da voz do homem é explorada em sua certeza de conseguir que o jovem Damião não mais retorne ao seminário. Pois, era ela quem estava dizendo.
Sinhá Rita não age assim por acaso. Machado deixa a entender que ela mantinha relações “íntimas” com o padrinho de Damião, o senhor João carneiro. Apresentando-nos assim uma mulher calculista. 
Se um bom conto é aquele que em seu desfecho deixa uma dúvida no ar, em O Caso da Vara Machado de Assis conduz o leitor a pensar que agora sim, o título fará sentido. Pois, é justamente esse caso que decidirá o futuro do jovem seminarista. Perceba que nessa cena temos ressaltado o poder de decisão que Sinhá Rita adquire: uma autêntica mulher de comando.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

AGENDA BOM PASTOR: Festividades da Comunidade Bom Pastor 2013



Iniciam no próximo domingo 17/04 as Festividades 2013 da Comunidade Bom Pastor. Com o tema Bom Pastor: fortalecei a juventude na fé, conduzindo-a em missão queremos pôr em evidencia a Campanha da Fraternidade deste ano. Todas as noites haverá Celebração Litúrgica seguida de apresentações culturais e vendas diversas. Acompanhe a programação:
Ø  14/04: Círio saindo da Ceb 05 (residência da senhora Santana) em direção a Igreja com celebração Litúrgica na chegada;
Ø  15/04: Celebração Litúrgica sob a responsabilidade da Comunidade de São Sebastião (bairro do Maracanã);
Ø  16/04: Celebração Litúrgica das Ceb’s;
Ø  17/04: Celebração Litúrgica sob a responsabilidade do Projeto Esperança e Vida na Amazônia;
Ø  18/04: Celebração Litúrgica sob a responsabilidade da Comunidade N. Senhora de Nazaré (bairro Vitória Régia);
Ø  19/04: Batizados;
Ø  20/04: Celebração Litúrgica sob a responsabilidade dos grupos de jovens;
Ø  21/04: Procissão e Celebração Litúrgica de Encerramento as 18h00min;

OBS: Durante a semana as Celebrações iniciam às 19h30min

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Análise do conto O Baile do Judeu, de Inglês de Sousa.

Em O Baile do Judeu, Inglês de Sousa cerca-se de vários elementos que constituem o imaginário do homem amazônico para narrar uma da lenda muito conhecida do caboclo da Amazônia: a lenda do boto. Esses elementos constituídos ao longo da narrativa iniciam já no espaço onde a história acontece: a casa do judeu.
É preciso entender, primeiramente, que segundo o que se sabe sobre a lenda do boto é que ele se metamorfoseia em homem e seduz as lindas caboclas em bailes a beira do rio. E a sedução contada no conto se dá na casa de um judeu.
A primeira manifestação do imaginário do homem amazônida é o medo em participar do baile justamente por ser na casa de um judeu. Aqui é preciso lembrar que sobre o povo judeu recai a culpa pela condenação e crucificação de Cristo. Por isso, para o baile, nem o vigário e o sacristão foram convidados. E os que foram, aceitaram o convite, embora temerosos de acontecer-lhes algum castigo. Como mais tarde, supostamente acontecera, aos integrantes da banda que desafiaram os preceitos religiosos e ousaram tocar, no baile do judeu, com os mesmos instrumentos que utilizavam na animação das missas.
É nessa parte da narrativa que podemos fazer uma nova relação com o imaginário amazônico. Os instrumentos que serviam de acompanhamento nas missas – momento santo – jamais poderiam animar festas profanas. Como punição a isso vieram as mortes “suspeitas” e por isso, relacionadas ao baile: a morte de Chico Carapanã por afogamento; e a Pedro Rabequinha coube uma prisão por descompostura.
Já quando o baile chegava pela meia noite eis que surge um convidado estranho. Com relação a este, é cercado de mistério. Ninguém consegue decifrar a sua face. E embora seja misterioso e feio, logo seduz e põe-se a dançar freneticamente com a rainha do baile Dona Mariquinhas. Essa sedução criva de inveja o coração dos outros homens fazendo com que os cochichos tentem adivinhar a identidade do homem. As alternativas eram de que se tratava de “alguma troça do Manduca Alfaiate ou do Lulu Valente”. Um grande chapéu que lhe escondia a face deixava essa tarefa ainda mais difícil.
Todo esse mistério é revelado somente no final da obra. “No meio dessa estupenda valsa o homem deixa cair o chapéu, e o tenente-coronel que o seguia (...) viu com horror que o tal sujeito tinha a cabeça furada” (SOUSA, 2008:87).
Como percebeu o leitor, o homem-boto foi descoberto ou reveado. E uma última associação que podemos traçar com o imaginário caboclo é o fato, depois de revelado, o boto “espavorido pelo sinal da cruz que lhe fora feito”, corre com a moça sob seu encanto e atira-se, ribanceira a baixo, nas águas do amazonas. Aqui se destaca a importância do Rio como símbolo de morada dos seres encantados.

PARA SABER MAIS: ESTA ANÁLISE NÃO EXAURIU TODO O CONTEÚDO DO CONTO. ELA É APENAS UMA ADIÇÃO AO SEU CONHECIMENTO.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Resumo (Enredo) do livro Macunaíma, o herói sem nenhum caráter

 Em apenas seis dias ininterruptos, Mário de Andrade deu o sopro de vida a uma das obras basilares do nosso Modernismo: a rapsódia Macunaíma, o herói sem nenhum caráter.
No fundo do mato-virgem a índia tapanhumas pariu um menino feio: era preto, retinto, filho do medo da noite. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Irmão de Maanape – já velhinho – e de Jiguê – ainda na força do homem – o herói da nossa gente (aquele que traz em si a representatividade do nosso caráter) vivência uma verdadeira saga, junto com os dois irmãos, a fim de recuperar a muiraquitã que Ci, Mãe do Mato (aqui Rainha as Icamiabas) havia lhe dado e que ele a perdera no terrível enfrentamento com a Boiúna Capei. Um mariscador ao encontrar a muiraquitã nas entranhas de um tracajá a vende para um regatão peruano chamado Venceslau Pietro Pietra – O gigante Piaimã. Ao saberem disso os irmãos partem para São Paulo – cidade do gigante. Só que agora o nosso herói deixava o pretume da cor, a feiura da feição. Era um lindo branco, loiro e de olhos azuis graças ao poder encantado das águas em que se banhará. E por encantamentos e feitiços Macunaíma faz de tudo para reaver o presente da Icamiaba até matar Piaimã num caldeirão. Voltando para a Amazônia o herói da nossa gente sente-se triste e solitário pela morte dos irmãos tornados sombras leprosas, e pelo judiamento sofrido pela Uiara. Com isso, Macunaíma desiste da vida e sobe aos céus compondo a constelação da Ursa Maior.